Princípio do investimento: “nem sempre aposte em alta”
Em artigo recente, Ray Dalio publica mais um dos seus princípios de investimento. Conforme ele mesmo declara, os princípios visam auxiliar os pequenos investidores: “estou em um estágio do meu ciclo de vida que me leva a querer passar adiante os princípios que me ajudaram na esperança de que eles ajudem você. Como passei a maior parte da minha vida sendo um macroinvestidor global, quero ajudá-lo a investir bem, dando-lhe meus princípios de investimento, mas não quero me tornar seu consultor de investimentos – ou seja, quero ensiná-lo a “pescar ” em vez de “peixe” para você.”
Dalio tem compartilhado em pequenos posts e relatórios textos sobre a mudança de paradigma a qual segundo ele é resultante da mudança da ordem mundial (que é explicada em seu livro e vídeo) Dalio aduz que o que está acontecendo agora nos mercados é devido a essas coisas acontecendo.
Pelas razões descritas, em seu livro, Dalio acredita que estamos em um paradigma em que o poder de compra dos ativos financeiros diminuirá devido a uma combinação de:
1) queda real do preço quando o dinheiro está apertado; e
2) inflação.
Um dos princípios de investimento citados por Dalio, que é muito relevante agora é “Don’t Always Bet On Up”, literalmente traduzido para “nem sempre aposte em alta”. Segundo esse princípio, os investidores devem ser comedidos no momento de decidir os montantes a serem investidos em cada posição, pois os mercados podem permanecer em baixa por longos períodos.
Segundo Dalio, sempre apostar em alta, que é o que quase todo mundo faz, é tanto um erro para os investidores quanto prejudicial ao sistema econômico. É ruim para os investidores porque as baixas são normalmente intoleravelmente grandes e podem persistir por longos períodos de tempo, e é ruim para o sistema econômico porque produz grandes ciclos altamente disruptivos e improdutivos. Se os investimentos e as políticas fossem melhor administrados, os investidores estariam em melhor situação e o mundo seria um lugar melhor.
Como funciona essa dinâmica?
Dalio cita que todo mundo quer que os ativos e a economia subam e quase todo mundo se sente mais rico quando os preços dos ativos que possuem aumentam, mesmo quando os valores intrínsecos desses ativos não subiram de fato. Por exemplo, os preços da maioria dos ativos de investimento subiram muito (o que as pessoas gostaram muito) quando os bancos centrais (mais importante o Fed) criaram muito crédito e dinheiro. Isso fez com que os ativos de dívida tivessem rendimentos muito pouco atraentes para os credores e custos de empréstimos muito atraentes para os devedores, o que levou a um forte crescimento e alta inflação, consequentemente levando a um aperto dos bancos centrais, e consequentemente a preços caindo muito (o que as pessoas não gostaram muito).
Para Dalio, isso aconteceu embora o valor intrínseco da maioria desses ativos não tenha mudado muito. As pessoas prestam muito mais atenção aos preços do que às medidas intrínsecas de valor, como a produtividade, que é ruim para a economia porque é a produtividade e não os preços que eleva os padrões de vida. “Acho que seria ótimo se tivéssemos um mercado de produtividade e focassemos mais em como aumentá-la. De qualquer forma, essa dinâmica é o que produz o ciclo dinheiro/dívida/econômico.”
Dalio afirma que o investidor deve ter em mente em que parte do ciclo estamos e ficar de olho no que vem a seguir. Para Dalio, existe uma droga chamada crédito que produz tanto aumentos quanto um subproduto depressor chamado dívida, há um ciclo de acumulação de passivos de dívida e ativos de dívida que é seguido pela redução deles que acontece repetidamente e dirige quase tudo.
O crédito, segundo Dalio, é um dos maiores contribuintes para o “Big Cycle” (Grande Ciclo) explicado de maneira abrangente em seu livro, “Princípios para lidar com a mudança da ordem mundial”, e em seu vídeo do YouTube com o mesmo título(veja aqui).
Embora o crédito possa facilmente produzir os altos que as pessoas desejam, ele cria os baixos quando as dívidas precisam ser pagas de volta, o que a maioria das pessoas não deseja. Ninguém quer os baixos, então os bancos centrais normalmente injetam uma nova dose de estímulo para mais do que compensar os efeitos baixistas da dívida deprimente. Vemos isso acontecer o tempo todo.
Dalio cita, como exemplo, a Europa, em que há muitas dívidas vencidas que seriam deprimentes para a economia, especialmente porque deveria haver um aperto de crédito para combater a inflação. Visando minimizar esse fato, os formuladores de políticas estão agora discutindo entre si sobre a possibilidade de o banco central e os governos fornecem mais crédito para aqueles que estão super endividados para aliviar temporariamente o problema.
Segundo Dalio: “Em outras palavras, pagar em dinheiro vivo é difícil (porque faz com que os mercados e a economia caiam, o que ninguém gosta), então, quando se torna muito difícil fazer isso, os bancos centrais aliviam os encargos imprimindo algum dinheiro e entregando-o aos devedores, o que leva as taxas de juros sejam baixas em relação à inflação, de modo que os detentores de ativos de dívida perdem poder de compra e os devedores obtêm alívio da dívida.”
O que um investidor deve fazer diante de tudo isso?
Dalio afirma que, para lidar com os efeitos dos ciclos econômicos, o investidor deve diversificar, em vez de sempre apostar em alta, todo investidor deve procurar maneiras de diversificar seu portfólio para ter investimentos que sobem quando outros caem. Essa iniciativa, se bem realizada, reduz os riscos. Embora às vezes até mesmo uma carteira de ativos bem diversificada caia, ela não cairá tanto quanto uma carteira não diversificada e não permanecerá baixa porque um período severo e prolongado de mau desempenho é intolerável.
Dalio também afirma que o investidor pode jogar o ciclo, por exemplo, vendendo a descoberto ou operando comprado: “Eu não quero ter nenhum viés para cima ou para baixo, então é isso que eu faço. No entanto, alerto você contra o timing do mercado porque é um jogo de soma zero que até os melhores profissionais acham desafiador. Vou me aprofundar nesses e em outros princípios de investimento, e no que está acontecendo agora, em meus próximos posts.”
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